Labyrinth – Welcome To The Absurd Circus (2021)

Italianos mostram que a volta é definitiva e com o gás de sempre

Por Luiz Athayde

O delay em relação ao lançamento é grande, mas não tira a necessidade de apresentar a quem, ainda em 2021, não conhece estes italianos de Massa, região da Toscana.

Labyrinth (Foto: Divulgação)

Aos que estão ligados, sabem que o Labyrinth  se formou em 1991, seus integrantes usavam pseudônimos saxões e germânicos, e um deles, o vocalista Joe Terry, seria ainda mais conhecido, já assinando como Fabio Lione, a frente do Rhapsody, e por agora, no Angra.

Outra figura para lá de importante é Carlo Andrea Magnani, ou melhor, um dos únicos que ainda usam o nome de palco, o guitarrista e compositor Olaf Thörsen.

Como acontece em muitas bandas, a formação sofreu inúmeras mudanças, mas não o suficiente para descaracterizar sua sonoridade. Pelo contrário: do power metal clássico, no sentido “marca registrada”, eles se modernizaram ainda mais, lançando mão inclusive de influências que beiram o metal extremo.

Àquela altura, quem estava no comando dos microfones já era o afinadíssimo Roberto Tiranti, enquanto, anos depois, Thörsen se encontrava fora para focar somente no Vision Divine.

Ainda assim, após o lançamento da segunda parte de Return to Heaven Denied  (álbum essencial do power metal italiano, bem como mundial), com o título complementado com “A Midnight Autumn’s Dream”, eles entram em um longo hiato discográfico, quebrado em 2017 com o excelente Architecture of God, já com novos integrantes; um registro tão potente quanto os de outrora, mas com a tecnologia dos dias atuais.

Não bastasse isso, eles retornam com sua continuação natural, Welcome to the Absurd Circus, chancelado pela Frontiers Records. Todos os elementos que fizeram do Labyrinth  um dos grandes nomes do aqui chamado heavy melódico estão presentes, com riffs cortantes, andamentos e refrãos grudentos e peso na medida. Já no âmbito lírico as questões existenciais foram naturalmente catapultadas em função da pandemia, só mostrando o quanto isso tudo vem afetando nossa pisque.

Além de Olaf e Tiranti, a base se mantém intacta com o guitarrista original de fábrica Andrea Cantarelli e, não menos importante, com o tecladista Oleg Smirnoff (Giacomo Biagini), de credenciais anteriores como Death SS e Vision Divine,e atualmente no Eldritch; o baixista Nik Mazzucconi; e o novato Matt Peruzzi na bateria.

Uma das características mais marcantes nos discos é o grau de  homogeneidade no discorrer das canções, o que pode ser um terreno perigoso, especialmente vindo de um estilo “nichado” como esse, mas de alguma maneira, para eles funcionou (como sempre, diga-se), vide a faixa título, também escolhida para o videoclipe, que chega com aquele quê de pé na porta, ou um recado bem claro: “estamos de volta, mesmo”.

Por outro lado, a ‘maideniana’ “Den of Snakes” mostra a diferença que faz um belo trabalho de mixagem e masterização, especialmente quando o ouvinte prefere absorver a atmosfera através de bons fones de ouvido.

Agora, se há uma música que irá agradar fãs dos primeiros álbuns, essa é “The Unexpected”. Não que fuja do que foi feito até aqui, mas de certa forma, sua aura nos remete aos tempos de No Limits, de 1996.

 

Também teve espaço para uma versão fantástica de um mega hit dos seminais britânicos do new wave/synthpop Ultravox, a “Dancing With Tears In My Eyes”. Os metaleiros góticos do Century já haviam assinado sua releitura da canção, mas aqui as proporções soam naturalmente mais majestosas. É o que acontece quando uma música é feita para grudar. Nem preciso dizer que é um dos pontos altos do registro.

Para os saudosos dos tempos de “Return…”, a aposta é por “Finally Free”; conexão direta e sem a menor vergonha com “Die For Freedom”. Se for para copiar a si mesmo, que seja logo com o melhor.

De absurdo mesmo é este Zeitgeist  que boa parte de nós estamos vivendo, de feridas abertas e atitudes imediatistas, e o contraponto veio com a reflexão em um formato de música pesada, melódica e sobretudo concisa. Welcome to the Absurd Circus  foi um dos álbuns que abriram o ano de 2021, mas parece que foi ontem, já que se trata de temas grampeados em nossa mente feito por uma banda que voltou a todo vapor. Bravo!

Ouça o álbum abaixo no Spotify:

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