Avantasia – A Paranormal Evening With The Moonflower Society (2022)

O novo e a nostalgia, registro chega comse únem em um grande hard/heavy metal

Por Luiz Athayde

Olhando para trás, nem parece que já se passaram 22 anos desde que o cantor, compositor e produtor alemão Tobias Sammet criou o Avantasia.

Tobias Sammet (Foto: Divulgação/Press)

Surgido como uma proposta de dar vida às suas imaginações, ou melhor, composições no formato metal opera, o projeto tomou proporções maiores que o Edguy, graças também ao quilate de participações especiais escaladas a cada registro.

Musicalmente, The Metal Opera (2001) e The Metal Opera Pt. II (2002) foram dois marcos para o power metal. O tempo seguiu seu curso, a discografia foi gradualmente aumentando e consigo, o desafio de ser inovador dentro de sua própria obra.

Caminhando para fim, a classe de 2022 ainda vem rendendo boas surpresas. Dentre elas, o álbum A Paranormal Evening with the Moonflower Society.

Contando com seu fiel companheiro, produtor e guitarrista Sascha Paeth, o novo trabalho do Avantasia traz, como sempre, uma seleta que dispensa apresentações, e por si só, já é o cartão de visitas para despertar interesse do ouvinte: Ina Morgan, Herbie Langhans, Bob Catley (Magnum, Hard Rain), Ralf Scheepers (Gamma Ray, Baron Carta), Geoff Tate (ex-Queensrÿche), Ronnie Atkins, Floor Jansen (Nightwish), Jørn Lande, Michael Kiske (Helloween) e Eric Martin (Mr. Big). Além do guitarrista Oliver Hartmann, o tecladista Miro Rodenberg e o baterista Felix Bohnke (Edguy).

A variedade de artistas também é ouvida no registro de 11 faixas, que compreendem desde o power metal clássico às fortes influências de AOR; tudo mesclado com uma maestria fora de série. Em outras palavras, de tal forma que não haja tempo para respirar.

“Welcome to the Shadows” abre ao modo cinemático, antecedendo seu refrão explosivo, algo típico de canções com viés teatral. Aliás, quando você menos percebe, ela já te pegou.

Em “The Wicked Rule The Night”, o mote é despejar uma carga de heavy metal tradicional bem na linha Judas Priest, mas passando por aquele processamento Primal Fear. É claro que quem faz as honras é o único vocalista possível para isso: Ralf Scheepers.

Que Tobi é especialista em compor músicas para grudar na cabeça, é de conhecimento de quase todos, mas, ainda assim, “Kill The Pain Away” ganha qualquer incrédulo de que isso não poderia voltar a acontecer. Cortesia da voz forte e carivante de Floor Jansen.

“The Inmost Light” volta no tempo com gosto. E ninguém melhor que Michi (apelido do vocalista do Helloween) para trazer a era dourada do heavy metal melódico para 2022. Belo andamento, grande refrão, hit pronto. A power ballad “Misplaced Among The Angels” também traz a voz do Nightwish e o resultado ficou igualmente fantástico.

O norueguês Jørn Lande aparece em “I Tame The Storm”. Sua assinatura vocal é tão marcante que no primeiro segundo cantado, percebe-se que se trata do discípulo escandinavo de Dio, no modo turbo.

Já “Paper Plane” conta com o brilho de Ronnie Atkins. As camadas eletrônicas de teclados servem mais como um pano de fundo para uma espécie de flerte insessantemente explorado pelo Coldplay. Mas antes que haja algum ataque por ter um dos nomes mais odiados da música pop, saiba que o que irá passar pelos seus ouvidos é uma balada com forte apelo hard rock.

A lendária banda Survivor faz escola mais uma vez na sinfônica “The Moonflower Society”, aqui com Bob Catley fazendo uma dobradinha infalível com Sammet. E o que dizer de Eric Martin na “Rhyme And Reason”? Suas credenciais com o Mr. Big já são mais que suficientes para garantir a entrada no céu, mas ver, ou melhor, ouvir ele atacando de power metal aqui é de cair o queixo. Brilhante.

E por falar em peixe grande, Geoff Tate é daqueles vocalistas que caem como uma luva em qualquer abordagem metálica. “Scars” é a faixa que endossa o por quê dele ser referência de 11 entre 10 vocalistas do gênero – ao menos da geração de Tobi.

Kiske e Lande voltam para o encerrarem em grande estilo. “Arabesque” convida o ouvinte para uma jornada de riffs pesados, momentos quase intricados e climas que passam pela música árabe e celta de uma forma extremamente fluída. São 10 minutos cativantes de duração.

O sucessor de Moonglow (2019) não é a consolidação de Tobias Sammet como um dos grandes compositores do Symphonic Power Metal, porque isso ele mostrou ser há álbuns bons anos. Na verdade, A Paranormal Evening with the Moonflower Society é mais um item de seu talento para se reinventar dentro do que já fez, especialmente nos seus discos mais recentes, trazendo elementos atuais – ou o hard melódico dos projetos da Frontiers Records –, mas sem soar como “mais uma” banda.

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