Keldian – The Bloodwater Rebellion (2022)

Noruegueses mais uma vez acertam o ponto em uma mescla singular de hard rock com melodias power metal

Por Luiz Athayde

Já fazem alguns anos que acompanho a carreira do Keldian. Minha iniciação, por assim dizer, veio com o fantástico segundo álbum Journey of Souls, de 2008.

Isso acabou casando também com um períoso pessoal imerso em filmes de ficção científica com temas espaciais, explorações planetárias: do clássico 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968) à Lunar (2009); do intrigante Europa Report (2013) ao seminal Interestelar (2014).

Keldian (Foto: Divulgação/Press)

Essa combinação mais que perfeita naturalmente me levou a querer ouvir mais registros e saber mais sobre a banda. Aliás, duo. Formado em Oslo, Noruega, pelos instrumentistas Christer Andresen (também vocal principal) e Arild Aardalen. Eles estão ativos desde 2000, quando ainda se chamavam Alien Love Gardeners, do qual gravaram uma demo intitulada Salvation for the Guilty. Depois trocaram de nome para Protos Nemesis, editando a demo de três faixas, Burden of Dreams.

Na sequência, passaram a ser conhecidos como Keld e soltaram mais uma demo: Salvation for the Guilty (2005). Por fim, inauguram, no ano de 2006, a alcunha Keldian; palavra oriunda do norueguês arcaico “kelda”, que em português significa ‘um poço, uma nascente’.

Mas de antigo, seus temas têm pouco ou nada. Se é que pode-se traçar uma linha do tempo no universo conhecido como sua própria discografia. Antes do citado disco, eles estrearam muito bem com Heaven’s Gate em 2007. A evolução foi natural e, com ela, veio o excelente Outbound (2013), sequenciado pelo ainda inspirado Darkness and Light (2017).

Mas, se há um disco que se aproxima de uma síntese da carreira, este é o mais novo álbum The Bloodwater Rebellion, lançado em CD pelos carimbos independentes Galactic Butterfly Music, do duo, e a americana Perris Records.

Embora resumo seja uma palavra perigosa quanto o espaço conhecido pela ciência. Nas 9 faixas presentes no disco, a gente consegue visualizar frames de trabalhos anteriores, ao mesmo tempo que uma supernova de melodias envolventes tomam os seus sentidos. Inclusive, essa sempre foi uma especialidade da dupla: compor músicas grudentas.

E a forma captada para quem está na Terra é simples: AOR com dotes de power metal, e vice-versa. Asia encontra Stratovarius em uma estação espacial, mas sem pedais duplos. Ajudei?


As letras continuam anos luz de qualquer batalha medieval. Muito pelo contrário: lutas internas, capitalismo, futuro da humanidade, revolta. Como na maravilhosa “We Are Rebellion”, que ganhou um dos videoclipes mais sensacionais do ano – de tão real. Mas faixas como “The Million Dollar Mile”, “The Lighthouse Burden” (e seu desfecho vocal fantástico) e “Voices of the Dead” são, no mínimo, obrigatórias na audição.

A produção é outro fator digno de louvor. Não somente por ostentar status de singular, mas ao se diferenciar de tantas cópias reprocessadas que andam sendo feitas na esfera metálica. Infelizmente.

Em suma, sabemos que bater Journey Of Souls não é uma tarefa fácil. Em contrapardida, o que parece importar para o duo é seguir viagem, curtir a jornada, mas com uma certa dose de raiva e por que não, provocação. Ou um convite à reflexão de que tipo de planeta queremos viver. Que disco, meus amigos.

Ainda:

+ The Bloodwater Rebellion traz as participação especial da vocalista israelense Liel Bar-Z em “I Am the Taker”.

+ A bateria do álbum foi gravada por Sindre Skeie (She Said Destroy)

Ouça The Bloodwater Rebellion abaixo:

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