King Gizzard & The Lizard Wizard volta a flertar com o heavy metal em novo álbum

 ‘PetroDragonic Apocalypse’ se guia em nomes como Saxon, Motörhead e Voivoid

Por Luiz Athayde

Não é nenhuma novidade bandas da esfera metálica flertarem com outros gêneros e até prestarem tributos em seus registros. Mas quando se trata do contrário, especialmente no meio alternativo, chega a surpreender.

Ou, na verdade, nem tanto. A formação australiana King Gizzard & The Lizard Wizard é amplamente conhecida por suas incansáveis misturas, partindo do rock de garagem e da psicodelia sessentista. Daí, leia-se funk, R&B, música eletrônica, árabe, rock progressivo, jazz fusion (muito jazz, inclusive) e o que vier à cabeça.

Em seu vigésimo quarto disco de estúdio, PetroDragonic Apocalypse; or, Dawn of Eternal Night: An Annihilation of Planet Earth and the Beginning of Merciless Damnation, o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista Stu Mackenzie lançou mão de uma espécie de volta à adolescência, ou melhor, ao heavy metal. Embora um esboço já tenha sido feito no excelente disco Infest the Rat’s Nest (2019).

Aliás, na época de seu primeiro e bombástico single “Gila Monster”, Mackenzie comentou (via Class Of Sounds):

“Quando nós fizemos Rats’ Nest, foi algo experimental. Tipo, ‘esse é o tipo de música que alguns de nós crescemos ouvindo mas nunca tivemos coragem ou confiança para tocar, então vamos tentar e ver o que acontece’. E quando fizemos esse, a gente pensou: ‘Porra, por que é que demoramos tanto tempo para fazer isso?’”

Mas a espera valeu a pena. As 8 faixas presentes no disco não decepcionam – como toda sua discografia – e melhor: trazem uma qualidade muito superior ao ‘Infest…’. Ali você ouve acenos para lá de visíveis a nomes como Saxon, Iron Maiden, Black Sabbath, Slayer, Metallica, Voivod e especialmente, Motörhead.


Mas o que torna tudo interessante nem são apenas as influências regidas nas músicas, por sinal, empolgantes do início ao fim. Mas a aura de diversão. É tudo muito coeso, agressivo, rápido, gutural… mas divertido. E se um registro tem isso, a audição tem tudo para ser repetida inúmeras vezes.

Em resumo, disco fantástico feito por um grupo de nerds apaixonados por música, que se recusam a se prender em uma cerca musical. Como consequência, naturalmente acabam agradando a gregos, troianos e metaleiros. Além de trazer uma tema sério de forma lúdica: a questão ambiental.

Na história de ‘PetroDragonic Apocalypse…’, as pessoas optam por usar a superindustrialização (metaforicamente como bruxaria) para a solução de seus problemas, deixando de prestar atenção a desastres ambientais. Já a ideia da banda seria soltar um dragão para acabar com o mundo de vez. Melhor trilha sonora, não há.

Ouça o álbum na íntegra a seguir:

 

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