A renovação de line-up e repertório elevou a banda alemã a um novo patamar
Por Luiz Athayde
Eis mais uma abóbora (e não vela) de aniversário para Keeper of the Seven Keys Part I, um dos álbuns que definiram o tal jogo chamado power metal. Cortesia da banda alemã Helloween, que se encontrava renovada em todos os sentidos; na formação e no repertório.
Na verdade, a cerne estava na dificuldade do guitarrista e mentor Kai Hansen de tocar e cantar ao mesmo tempo, na turnê do álbum debut, Walls of Jericho (1985). Sua despedida temporária do microfone principal foi no single Judas, editado em 1986.
A solução óbvia foi encontrar um novo vocalista. Estava formado o line-up clássico: os guitarristas Kai Hansen e Michael Weikath, o baixista Markus Grosskopf, o baterista Ingo Schwichtenberg e claro, Michael Kiske. Na época com 18 anos, o vocalista havia saído do Ill Prophecy, banda formada com seu amigo de escola, Karsten Nagel.
Além de cantar bem – a ponto de posteriormente ser o mapa vocal para 10 entre 11 vocalistas do estilo –, Kiske também compunha. Mas por ora, sua contribuição direta foi apenas com “A Little Time”, extraída da 5-Track Demo Tape, do Ill Prophecy.
A dominância natural foi de Hansen, que não só assinou a maioria das composições, como jogou aos ventos alguns dos maiores clássicos do grupo, inclusive obrigatórios até os dias atuais. Vide “I’m Alive”, “Future World” e “Halloween”. Estes dois se tornaram singles e o último ganhou videoclipe – mas com 8 minutos a menos de sua duração original.
Àquela altura, Weikath já era uma máquina de compor, mas neste caso trouxe, ou melhor, pôde trazer somente a balada “A Tale That Wasn’t Right”. Ele também é creditado com Kai em “Follow the Sign”.
O conceito do ‘guardião das sete chaves’ foi gerado para ser um disco duplo. No entanto, as gravadoras Noise International e RCA recusaram. Dividido em dois lançamentos, a parte 1 foi registrada no Horus Sound Studio em Hanover, Alemanha, entre novembro de 1986 e janeiro de 1987.
Quem assina os trabalhos de produção, mixagem e engenharia sonora é Tommy Newton, guitarrista da cultuada banda de hard rock Victory. A co-produção é de Tommy Hansen.
Todo conceito envolve, claro, a parte visual. E com a capa não poderia ser diferente. Edda e Uwe Karczewski foram os responsáveis por registrar uma das artes mais icônicas na história do heavy metal.
A recepção do álbum nas paradas foi boa, embora melhor em países como Finlândia (10º lugar), Alemanha (15ª posição) e Suíça (18º). No quase impenetrável mercado dos Estados Unidos, Keeper 1 chegou ao número 104 da US Billboard 200.
Quanto ao famoso teste do tempo, a influência do disco perante o cenário metálico e a crítica especializada seguiu em modo crescente. A exemplo de veículos como AllMusic (4/5 de 5), Rock Hard (9.5 de 10) e Sputnikmusic (4,5 de 5). Além do Loudwire, que botou Keeper of the Seven Keys Part I no terceiro lugar de seu ‘Top 25 Power Metal Albums of All Time’
No âmbito dos licenciamentos, o álbum ganhou lançamento na Europa, Estados Unidos e Japão, basicamente. Em 2006, as gravadoras Noise Records e Sanctuary o reeditaram em uma versão expandida, remasterizada com slipcase trazendo as faixas-bônus: “Victim of Fate” (re-recorded version), “Starlight” (remix), “A Little Time” (alternative version) e “Halloween” (video edit).
Por terras brasileiras, Keeper 1 saiu em vinil pela Rock Brigade Records, e no formato CD somente a partir de 2002.