Nova fase das abóboras alemãs incluiu mudança no line-up e uma sonoridade calcada no hard n’ heavy
Por Luiz Athayde
Hoje mais um clássico do metal melódico faz aniversário. Na verdade, se seguirmos à risca, seria hard rock com traços metálicos e muita, muita melodia – no melhor dos sentidos.
Master Of The Rings figura o sexto álbum de estúdio do Helloween, e marca uma nova era; sonora e de formação.
Seus trabalhos prévios, Pink Bubbles Go Ape (1991), e especialmente, Chameleon (1993), já flertavam nervosamente com o hard rock. Contudo, proposta neste registro foi mais assertiva. Prova disso foi a boa recepção por parte da imprensa e dos fãs, que inclusive na época o chamaram de “Keeper of the Seven Keys – Part III”.
Explicando: o encarte do álbum apresenta um conto envolvendo o Guardião (The Keeper). Após sua bem-sucedida batalha contra o mal, ele encontra o senhor das visões, que lhe revela os sete anéis celestiais que irão governar a humanidade: espírito, verdade, destino, amor, criação, realização e santuário.
Embora o título também seja uma clara referência aos Keepers, mesclado com O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, musicalmente o registro tem vida própria. Em outras palavras, distante do power metal dos primeiros discos.
Tudo ocorreu de forma bem direta, como manda o modus operandi alemão; da troca de membros ao processo criativo/gravação.
Em 1993, o clima entre Michael Kiske e o restante da banda beirava o insuportável, e durante a turnê do Chameleon, houve a primeira ruptura, com Andi Deris (ex-Pink Cream 69) assumindo os vocais.
Logo na sequência, o baterista Ingo Schwichtenberg, já sofrendo de esquizofrenia, é expulso depois de se envolver em um incidente no Japão, do qual inclui a explosiva mistura de álcool e drogas mais pesadas. Inicialmente, ele foi substituído por Richie Abdel-Nabi, que deu lugar a Uli Kusch (ex-Gamma Ray). Kusch entrou quando as composições do álbum já estavam praticamente finalizadas.
Os trabalhos de produção ocorreram no estúdio Chateau du Pape em Hamburgo, Alemanha, com produção assinada por Tommy Hansen e o grupo. O baixista Markus Grosskopf lembrou das sessões de gravação:
“Foi muito rápido porque havia algumas canções que o Weiki [Michael Weikath, guitarrista] fez e o Roland [Grapow, segundo guitarrista] tinha algumas coisas e então combinado com o que Andi trouxe à banda, sabe, foi muito funcional e incrível porque tudo foi tão rápido. Nós tínhamos uns três meses para ensaiar e então o estúdio estava agendado e… foi uma sessão muito rápida e eu meio que gostei daquilo. Houve também uma mudança de baterista porque nós pegamos o Uli Kusch, mas nós fizemos tudo naqueles três meses.”
Dali saíram quatro singles: “Mr. Ego” (22/07/1994), “Where the Rain Grows” (exclusivo para o mercado japonês – 03/08/1994), “Perfect Gentleman” (28/09/1994) e “Sole Survivor” (05/10/1994).
Nas paradas de vendas, nada menos do que disco de ouro no Japão (por mais de 120 mil cópias). Além do 7º lugar na Finlândia; e 23ª posição na Suíça e na Alemanha.
Das edições licenciadas, as principais são a japonesa, com os bônus “Can’t Fight Yout Desire” e Grapowski’s Malmsuite 1001 (In D Doll)”; e o relançamento duplo e expandido de 2006, contendo basicamente b-sides dos singles.
Master Of The Info:
+ Vida nova também inclui gravadora nova. Após o fracasso dos dois álbuns pela EMI (Bubbles e Chameleon) e um disco ao vivo, o Helloween assinou com a Raw Power, uma subsidiária da Castle Communications.
+ A faixa de abertura, “Irritation (Weik Editude 112 in C)” é uma sátira de Michael Weikath a “Initiation” e “Invitation”, introduções dos Keepers I e II respectivamente.
+ “Mr. Ego (Take Me Down)” é uma “homenagem” ao recém-saído vocalista Michael Kiske.
+ A letra de “Take Me Home” é de autoria de Silvia Grapow, esposa de Roland Grapow.