Noruegueses voltaram ainda mais intensos que seu álbum de estreia
Por Luiz Athayde
Toda banda que se preze diz, ao lançar um disco novo, que se trata de seu melhor trabalho ou que é uma evolução natural do registro anterior. E a gente sabe que essas falas são tão batidas quanto entrevistas de jogadores de futebol.
No entanto, faz-se necessário repeti-las ao me referir a Scenes of the Deranged, segundo e novíssimo trabalho de estúdio do Eldkling.
Tudo bem que no power metal – seara da qual pertence esta formação norueguesa – não há muito o que inventar. Só que desta vez, o duo criativo, Magne Langsholt (bateria) e Morten Nicolaysen (voz, guitarra, baixo, arranjos) lançou mão de algumas sutilezas permitidas em seu novo play, perceptíveis a cada audição.
O que de todo não é uma surpresa, tendo em vista que a história de ambos como banda vêm muito antes do excelente álbum de estreia, The End of Eternity (2023).
Lá pelo ano 2000, eles se chamavam Ravenlord, porém, já existia um grupo com esse nome, inclusive com material lançado. No caso deles, só deixaram uma demo perdida em 2002, intitulada Supremacy of Time.
Mas, como o olhar sempre se manteve adiante, chegou a vez de seu momento mais intenso. E isso inclui melodias grandiosas e doses cavalares de peso ao longo das dez faixas presentes. A exemplo de “Back to Life”, que abre o disco como uma explosão de Judas Priest dos tempos do clássico Painkiller.
Ela é sequenciada imediatamente por “Forever Changed”, primeiro single do play. Já “Falling Into My Dream” é uma das músicas a contar com a cantora Anette Uvaas Gulbrandsen (ex-Nàttsòl, ex-The Sabbathian). Tacada certeira, especialmente pelo flerte dos caras com o metal sinfônico e quase gótico. Nightwish encontra o velho Kamelot. Fantástica.
A abordagem medieval aparece com força total na faixa mais power metal do álbum, “Instrument of Change”. Forte como manda o estilo, além de ser uma boa pedida para futuras apresentações ao vivo. Em contrapartida, “Through the Darkness” figura uma das mais pesadas e dinâmicas.
Outro single que tomou as plataformas digitais foi “Here Again”. Essa, ainda mais próxima do gothic metal por cortesia reprisada dos vocais de Anetta Uvaas. A enérgica “Bastard” surge em seguida para te cativar nos primeiros segundos. É Helloween até a medula – e qual banda deste gênero não é?
Entretanto, o que dizer da versátil “The Ballad of Oogla (My Lady of Damnation)”? Embora tenha duração padrão (pouco mais de 4 minutos), ela surpreende ao passar pelo folk, pelo metal melódico, extremo e até mesmo por uma certa psicodelia.
“…And Then” estende o instrumental e aponta para o encerramento em “Never to Return”. Nada de balada por aqui, ela fecha com a mesma potência da faixa de abertura. Seu refrão já vale a audição.
No fim das contas, o que parecia um projeto de dois veteranos aficionados por heavy metal, vem se desenvolvendo de um jeito impressionante. Este é apenas seu segundo álbum sob a alcunha Eldkling, porém se já mostra superior a tudo que fizeram. Até agora.
Ainda:
+ Por falar em se desenvolver, há poucas horas a banda oficializou a entrada do baixista Lars Henry Eliassen (que inclusive fez backing vocals no álbum), também integrante da banda de black/death metal Kharon.
+ Scenes of the Deranged foi escrito, executado e produzido por Eldkling.
Ouça o álbum na íntegra pelo Bandcamp, ou a seguir.