Lenda mineira do heavy metal acabou de completar 40 anos de existência
Por Luiz Athayde
Qualquer frase que inclua as palavras “importância” e (a banda) Overdose, é chover no molhado. Com 40 anos recém-completados, a formação oriunda da incontestável cena mineira carrega um currículo de peso em sua história.
A ignição foi dada com a marcante demo “Última Estrela”, seguido pelo clássico split com o Sepultura, Século XX/Bestial Devastation, em 1985.
Daí em diante, o som da banda foi cada vez mais pesado. Enquanto …Conscience… (1987) e You’re Really Big! (1989) traziam uma leitura autoral e singular de nomes como Saxon, Iron Maiden, Judas Priest, Addicted to Reality (1990) marcava a era de transição.
Período esse remetendo fortemente ao que Pantera fez no álbum Power Metal (1988), mas também Metallica e a ainda presente turma de Rob Halford. No entanto, foi na trinca composta pelo thrasher Circus of Death (1992), o inovador Progress of Decadence (1993) e o para lá de groovado e industrial Scars (1993) que fez a banda içar voo para além do underground nacional.
O currículo do Overdose obviamente inclui incontáveis turnês brasileiras, assim como norte-americanas e europeias. Tanto em casas quanto festivais. A lista de bandas das quais os mineiros dividiram o palco não cabe no gibi: Mercyful Fate, Grip Inc. (banda de Dave Lombardo, que havia saído do Slayer), Machine Head, Type O Negative, Korn, Skid Row, Warrior Soul e muito mais.
Como nem tudo são flores, as mudanças de line-up ocorreram aos montes ao longo de sua linha do tempo, tendo como única constante o núcleo formado pelo guitarrista Cláudio David e o vocalista Pedro Amorin “Bozó”.
De fato, há muitas outras histórias e especulações envolvendo esse pilar do metal nacional, que vão desde boicotes em shows, ao patamar alcançado caso tivessem continuado.
Todavia, despertar interesse do público mesmo após longo hiato, e vindo da instável cena brasileira, não é para qualquer um. Vide suas aparições esporádicas nos últimos anos e o caprichado relançamento da discografia, chancelada pela Cogumelo Records.
O “bolo de aniversário” escolhido é uma apresentação raríssima de 1985, compartilhada por Cláudio David em seu canal no Youtube. A qualidade, de bootleg, é tranquilamente abafada pelo valor histórico. O guitarrista explica na descrição do vídeo:
“Foi a primeira vez que uma banda de Heavy Metal tocou no lendário “Ginástico”, maior templo do Metal Mineiro nos anos 80 e 90. O show foi uma participação no primeiro e também famoso festival “Hoje é Dia de Rock”, realizado pelo apresentador de TV Dirceu Pereira. O OverDose ficou em segundo lugar atrás da também renomada banda Kamikaze.”
Ele acrescenta contando uma curiosidade com uma dose de humor à mineira: “Coisa legal também é que nessa época nos tocávamos só com instrumentos nacionais que eram muito ruins, nem se comparam com os novos e baratos encontrados em qualquer canto hoje em dia. Que isso sirva de exemplo para quem ainda tem coragem de reclamar dos instrumentos, tipo, aquele que fura em baixo do gol e fica olhando pra chuteira! (Risos)”.
Que a estrela do Overdose continue brilhando por muitos anos. Assista ao show a seguir:
Valeu demais pela lembrança e carinho, moçada!!! \\m//