Segundo álbum dos noruegueses veio cercado de enorme expectativa – que foi facilmente suprida
Por Luiz Athayde
Falar da importância da seminal banda norueguesa de prog/power metal Conception após seu retorno em 2018 é fácil. No entanto, desde o lançamento do debut The Last Sunset (1991) seu nome se encontrava em ascenso.
Grande parte desse sucesso veio da turnê promocional do álbum de estreia, inclusive com parte dela dividindo o palco com nomes como Rage e Gamma Ray. Entretanto, era hora de entrar em estúdio para gravar sua nova obra-prima: Parallel Minds.
O line-up estava para lá de sólido com o vocalista Roy Khan, o guitarrista e principal compositor Tore Østby, o baixista Ingar Amlien, o baterista Arve Heimdal e o tecladista Hans Christian Gjestvang, àquela altura devidamente efetivado.
Ele assinou os teclados no disco de estreia, e desde então vinha se apresentando com o grupo nos shows. Obviamente que o resultado disso foi uma banda afiadíssima nos ensaios para a pré-produção do registro, iniciada em setembro de 1993.
Mas as jogadas assertivas foram apenas o começo. Tommy Newton (Victory, Helloween, Gamma Ray, etc) foi produtor escolhido para o novo trabalho, graças a conexão instantânea que tiveram ao conhece-lo.
“Tommy acrescentou muito à banda”, disse Roy ao portal norueguês Hamar Arbeiderblad (via Conception Music). “Ele nos deu um novo par de ouvidos. Ele tem uma impressão muito diferente da nossa música do que nós mesmos”. Já para a Metal Hammer, Khan acrescentou: “Tommy tem a mesma empolgação infantil que nós e sempre apresenta novas sugestões. Ele também é o elo perfeito entre nós e a gravadora.”
Os trabalhos se dividiram nos estúdios Stairway to Heaven, em Hanover (gravação e mixagem), e no Cas Studios, em Saarbrücken; ambos na Alemanha.
A banda aproveitou a grande fase para angariar mais fãs no Japão em paralelo às gravações. Lá, o Conception lançou a pré-venda (pois é, muito antes da internet) do CD com 15.000 cópias vendidas antecipadamente.
Isso também se deve ao apoio massivo do lendário jornalista e DJ japonês de heavy metal Makoto Wada, tocando músicas do Conception em seu programa de rádio. Essa ajuda foi com intuito de engajar uma possível turnê deles no seu país.
Originalmente, Parallel Minds estava programado para chegar às prateleiras sônicas em 25 de outubro. Porém, só viu a luz do dia no dia 10 de novembro. Cortesia do perfeccionismo da banda, que ansiava por retoques aqui e ali.
Tore revelou logo quando o trabalho de produção encerrou (via PULS/Scream Magazine/Conception Music): “Ficamos sem tempo no final”. […] Mas acho que essa pressão do tempo rendeu um pouco mais de coragem ao Parallel Minds”.
“Ainda tínhamos algumas faixas com grandes influências clássicas, mas trabalhar tudo isso teria levado muito tempo”. Conta. “Originalmente, queríamos adicionar um instrumental de violão flamenco ao disco, mas não o terminei a tempo. Talvez o façamos no próximo….” (via Heavy, Oder Was?/Conception Music).
Todavia, as coisas deram certo e Parallel Minds foi direto para o 23º lugar na parada japonesa. Com a mídia especializada não foi diferente. Veículos como a revista Break Out os chamaram de “profetas em ação”, lhes concedendo o prêmio de “Banda Nova do Mês”.
Outras resenhas foram ainda mais elogiosas, como a Scream, que escreveu: “No último CD, Roy Khan cantou muito bem – aqui, ele canta como um Deus!”.
PULS, por sua vez disse: “Com esse disco, eles competem com a elite”, enquanto a EMP rasgou: “Uma poderosa explosão melódica com mini-épicos de heavy metal que são coroados por vocais únicos e um toque de guitarra engenhoso”. Eles também rotularam o disco como “uma compra obrigatória”.
Somente “Roll the Fire / Silent Crying” saiu como single. Aliás, a primeira faixa ganhou videoclipe filmado numa tarde bem fria de outono em Lübeck, praia no norte de Alemanha.
No âmbito dos licenciamentos, Parallel Minds ganhou edições em CD e vinil na Alemanha via carimbo Noise, e no Japão pela JVC. Também houve prensagens sul-corenas e tailandesas. Além de relançamento europeu em 2022; nos formatos Cd digipack e vinil – ambos remasterizados com bônus.
Ainda:
+ A versão japonesa de Parallel Minds traz a letra de “Black on Black” no encarte, mas não a música. Na verdade, ela só aparece na compilação ao vivo ‘Power Metal’, gravada durante a turnê “Melodic Metal”, do Conception.