Segundo álbum da era Andi Deris nasceu para ser clássico
Por Luiz Athayde
Hoje, celebra-se mais um ano da criação de um dos maiores clássicos do Helloween e do metal melódico. Na verdade, para muitos, The Time Of The Oath é o melhor álbum dos alemães.
O sétimo registro de estúdio marcou a solidificação da formação, composta pelos veteranos, Michael Weikath (guitarra) e Markus Grosskopf (baixo); o intermediário Roland Grapow (guitarra); e os novatos, Andi Deris (vocal) e Uli Kusch (bateria).
Uma das provas disso foi o trabalho coletivo transparecido nos créditos das músicas, tendo a assinatura de todos os integrantes. As gravações e a mixagem ocorreram no Chateau du Pape, em Hamburgo, por Tommy Hansen. O trabalho de masterização ficou por conta de Ian Cooper, outro velho conhecido do grupo, no estúdio Metropolis, em Londres.
Conceitualmente, The Time Of The Oath trata das profecias de Nostradamus feitas para os anos de 1994 a 2000. Naquela década, estava o astrólogo francês estava em voga também em função de diversas reportagens sobre o que poderia acontecer ao mundo, especialmente seu fim.
Já no âmbito musical, uma verdadeira volta às raízes, inclusive no som: a banda usou equipamentos dos anos 60 para obter uma sonoridade mais suja e (lançando mão de uma das palavras da moda) orgânica. Em outras palavras, há conexões fortes com os primeiros álbuns, porém, sem deixar de soar atual.
Entretanto, a vontade de ter o velho Helloween de volta não foi somente por parte dos fãs. Em entrevista para a Rock Brigade Ano 16 • Nº 127 • Fevereiro de 1997, o vocalista Andi Deris abriu o jogo:
“Desde que eu entrei na banda a minha intenção sempre foi fazer o Helloween voltar ao que fazia antes. Eu simplesmente adoro a primeira fase da carreira do Helloween, era tudo absolutamente fantástico. Acho que funcionou.”
Falando em fãs, ele admitiu que foi uma junção de fatores; incluindo vontade dentro da banda e a nescessidade de manter a fórmula:
“Para ser absolutamente sincero com você, a maioria dos fãs do Helloween gosta mesmo é das fases de Walls of Jericho e de Keeper of the Seven Keys. E, obviamente, eles ficaram muito decepcionados com Chameleon [lançado em 1993, ainda com Michael Kiske no vocal], que é um disco pop demais. Eu próprio reconheço que ficaria desapontado se minha banda favorita mudasse tanto assim.”
As referências aos discos anteriores também apareceram na capa, assinada, obviamente, por Frederick Moulaert, criador da versão da banda para Jack O’Lantern.
Assim como os Keepers, O Guardião dos Keepers surge como figura central (inclusive rodeado de criaturas noturnas, a exemplo do Keeper 1), porém, com o rosto preenchido com a arte do álbum Master of the Rings (1994).
Dali saíram três singles: “Power” (16 de janeiro de 1996) – heavy melódico clássico, feito para grudar na cabeça; “The Time Of The Oath” (24 de abril de 1996) – faixa densa, concebida como uma reflexão sobre a segunda parte do Ato V de Fausto de Goethe.
Nela, Deris interpreta Mefistófeles recuperando a alma do Doutor Fausto, enquanto o coro infantil “Johann Sebastian Bach” (regido por Axel Bergstedt) canta o Dies irae do réquiem tradicional, representando os anjos resgatando a alma perdida de Fausto.
Por fim, a terceira e última música de trabalho foi a balada “Forever and One (Neverland)” (9 de setembro de 1996), lançada já na altura que a banda havia soltado o disco ao vivo High Live.
Nas paradas, o sétimo álbum do Helloween foi bem, obrigado; na crítica especializada e nas paradas. A melhor posição foi naturalmente o Japão, alcançando o 6º lugar.
Quanto aos formatos/licenciamentos, The Time Of The Oath saiu no Reino Unido pela Raw Power em CD e vinil; nos Estados Unidos via Castle Records, em CD e cassete; e no Japão, no formato CD, pela Victor. O Brasil só ganhou sua primeira edição em 2001, pela Abril Music. Já a segunda foi a Expanded Edition; dupla, remasterizada, com bônus.
The Time Of The Info:
+ O álbum é dedicado ao baterista Ingo Schwichtenberg, que cometeu suicídio em 1995.
+ A faixa “Steel Tormentor” é um tributo ao Judas Priest.