Stratovarius – Survive (2022)

Finlandeses voltaram pesadíssimos, e melodiosos como sempre

Por Luiz Athayde

O significado de novo em folha voltou à discografia do ases do metal melódico finlandês. Após muita expectativa gerada por singles para lá de fortes lançados no meio do caminho, o Stratovarius lançou, via earMusic, o álbum Survive.

Stratovarius (Foto: Divulgação/Press)

Se em seus discos anteriores, mas já na era pós-Timo Tolkki, o ouvinte se deparava com uma banda diferente inclusive musicalmente, aqui parece que estamos diante de um novo capítulo.

O vocalista Timo Kotipelto e o tecladista Jens Johansson são os responsáveis por tocar a nave há quase 15 anos, e com eles, um line up estabilizado desde 2012, composto por Lauri Porra (baixo), Matias Kupiainen (guitarra) e Rulf Pilve (bateria). Esta coesão só poderia render algo, no mínimo ao mesmo patamar de Eternal, de 2015. Mas a coisa foi além…

Me atendo a versão standard do disco, com 11 faixas, temos um trabalho que beira a perfeição no que diz respeito a como eles conseguiram sintetizar elementos de música Pop, AOR/Melodic Rock e até mesmo Emo/Metalcore e no seu tradicional power metal melódico, e funcionar de maneira magistral.

A produção ficou em casa, bem como a mix, também assinada por Kupiainen, no 5 by 5 Studio em Helsinki, na capital finlandesa; e no Estúdio Eiffel, em Santo André. Elmo Syrjäläinen foi o assistente na mixagem, e a masterização ficou a cargo de Ermin Hamidovic, no Systematic Productions.

O play está no on e logo de cara um belo tapa com a faixa-título. “Survive” abre com um riff thrash metal, e seu andamento segue com uma nova surpresa, especialmente aos que amam bandas como Soilwork e Amberlin. Nada menos que sensacional.

“Demand” vem no mesmo gás, mesclando a sonoridade clássica do Stratovarius com sutis grooves modernos. Como se isso não fosse o suficiente, “Broken” aparece ainda mais pesada, trazendo flertes explícitos de metalcore, djent e progressivo em sua estrutura. Mas tudo guiado pelo prisma da melodia.

E falando nisso, “Firefly” é praticamente um tributo sônico ao Survivor, um dos pilares do AOR. Ótima composição. “We Are Not Alone” abre a sessão “Stratovarius sendo Stratovarius”. Vale avisar que nem por isso se trata de autocópia. Muito pelo contrário: a cozinha vem com a receita e Kotipelto finaliza com um refrão pegajoso.

Com “Frozen in Time”, os vocais angelicais remetidos a registros como Destiny (1998) vão muito além da nostalgia. Seu tema é sobre a tragédia de Pompeia ocorrida em 79 d.C., quando o vulcão do Monte Vesúvio entrou em erupção e matou quase toda sua população.


Em “World On Fire”, a ordem foi pelo dinamismo. Daquelas faixas que poderiam estar em qualquer álbum dos anos 2000 para cá. Aposta fácil em vindouros setlists. Mas é na “Glory Days” que a viagem no tempo toma forma: riff com a lupa no Episode (1996), double bass no comando e refrão nas alturas.

Baladas não são obrigatórias em um registro, mas servem para dar uma pisada nos freios antes de uma próxima faixa mais rápida e agressiva, ou as duas coisas. “Breakaway” é isso e mais um pouco, já que endossa os coros formados por músicos da cena local, dentre eles o ex-guitarrista do Sonata Arctica e compositor Jani Liimatainen.

O poderio sinfônico na intro de “Before The Fall” também é de arrepiar, mas o mote seguido por esses lados é o do thrash. “Voice Of Thunder” encerra de modo épico. Mesmo tendo 11 minutos de duração, musicalmente ela também resume o álbum, por passar por uma gama de nuances exploradas nas faixas anteriores.

Ainda é cedo para especular sobre o quanto Survive irá reverberar ante a senhora discogafia da brigada finlandesa, mas uma coisa é certa: o Stratovarius de 2022 nunca esteve tão inspirado. Ou, não desde seus “dias gloriosos”; sem desmerecer o que veio depois.

Grande álbum, de uma grande banda que está longe da necessidade de provar que continua a merecer figurar entre os gigantes do heavy metal melódico. Aperte o play.

1 thought on “Stratovarius – Survive (2022)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *