Álbum de estreia do duo norueguês veio como um poderio de fogo composto por 10 faixas
Por Luiz Athayde
Eis a Noruega surpreendendo novamente com esferas musicais além da música alternativa, e também do black metal. Eldkling é a mais nova banda, ou melhor, duo a estrear na classe de 2023 com um álbum, The End of Eternity.
Embora seja um ato novo, as mentes criativas, Magne Langsholt (bateria e outros instrumentos) e Morten Nicolaysen (voz, guitarra e outros instrumentos), vêm de formações antigas, como reportamos anteriormente:
“Formamos uma banda chamada Ravenlord por volta do ano 2000, mas essa banda se separou alguns anos depois”, conta Magne. “Conversamos por muitos anos sobre regravar algumas das músicas antigas e gravar algumas novas.”
Devidamente de volta às atividades, o duo também se viu tendo que rebatizar seu projeto. “Tivemos que mudar nosso nome, porém, porque alguma outra banda usou-o e lançou álbuns. Então decidimos ir com Eldkling.”
Ainda em papo com o baterista, ele revelou o significado da nova alcunha: “Eldkling é um nome cruzamento entre norueguês antigo e sueco. Eld significa fogo e Kling significa espada. Então, literalmente se traduz como Espada de Fogo (Firesword). Mas na verdade foi um erro de ortografia da palavra norueguesa elskling, que é como eu chamo de minha esposa/namorada. Elskling significa querida.”
Até o lançamento do disco de estreia, alguns singles tomaram as plataformas digitais, nos dando uma ideia do que viria. Mas, ainda assim, The End of Eternity apresenta boas surpresas. Configurado no formato clássico de 10 faixas, as mesmas condensam da melhor forma possível a gama de influências que moldaram o que eles fizeram até aqui.
“End of Eternity” abre como um pé na porta ao se conectar com os necessários Gamma Ray e Judas Priest. Sim, o disco é calcado no power metal para lá de melódico, mas sob certas rédeas do heavy metal tradicional. Melhor começo, impossível.
“Revolution” mostra um lado ainda mais pesado dos noruegueses, com um viés mais cadenciado. No entanto, ainda que extremamente melódica, “Ravenlord” traz algumas nuances remetidas ao thrash metal.
Já “Gates to Hell” vai por um caminho mais épico, inclusive endossado por Morten Nicolaysen no tom bélico de sua voz. O solo é outro ponto de destaque, fazendo uma grande diferença na experiência da audição.
Em “Forged in Agony”, o clima medieval se faz mais presente do que nunca. Ou, uma espécie de eco distante de Heavens Gate no seu modo mais melodioso. “Restless Souls” é o momento balada do disco, enquanto “Night of the Dead” convoca o ouvinte a cantar junto.
Se antes o thrash era apenas um sinal, em “Unspoken” é mais que uma realidade. A faixa também flerta ferozmente com o prog e traz a participação de Ene nos vocais rasgados. De longe, este é um dos pontos-chaves do álbum.
E por falar em progressivo, “Find Your Way” mergulha sem medo nesse terreno tão fértil e criativo. As ambiências e os cortes bruscos para outro gênero são atualizados de forma extremamente dinâmica, impedindo o ouvinte de bocejar. Na verdade, se trata do ponto alto do registro: virtuosismo na medida certa – se é que na arte existe medição –, peso e uma potência melódica espetacular. É o tipo de música que vai te instigar a ouvir mais vezes. Nada menos que fantástica.
O desfecho ficou assertivamente a cargo de “Lost Souls”. Em outras palavras, power metal em seu estado bruto. A exemplo de “Restless…”, esta também são inspiradas e batalhas. “Mas não de uma maneira boa”, enfatiza a dupla de Østfold.
E continuam: “Não somos como as bandas de black metal que acham que a guerra é algo bom, somos totalmente contra isso. Não tenho certeza se há uma conexão, mas todos os europeus no ano passado chegaram perto de sentir como é a guerra próximo de casa”. Que o diga a guerra na Ucrânia, até agora sem demonstrações efetivas de irá acabar.
Em suma, The End of Eternity é o álbum perfeito para quem deseja adentrar no espaço-tempo da honestidade e inspiração. Esqueça (como sempre recomendamos aqui) esse papo de inventar a roda; o lance aqui é power metal feito por quem ama o estilo para quem é fã de pedais duplos, passagens intricadas e muita, muita melodia.
Ouça o álbum na íntegra a seguir:
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