Threshold – Dividing Lines (2022)

Excelência no metal progressivo, banda inglesa volta com mais um registro poderoso

Por Luiz Athayde

O Threshold configura aquele tipo de banda que não possui status de super estrelas do prog metal, mas certamente desperta esse sentimento em uma parte da sua sólida base de fãs. Inegável excelência no estilo, eles voltaram com um disco novo em cinco anos, e diga-se logo de primeira: fantástico. Título? Dividing Lines.

Threshold (Foto: Divulgação)

Desta vez a chancela é da Nuclear Blast, e segue com o mesmo line-up: Glynn Morgan (voz), Karl Groom (guitarra), Richard West (teclados), Johanne James (bateria) e Steve Anderson (baixo). Além, claro, das composições, a parte técnica foi assinada em casa: Groom se encarregou do trabalho de produção, mixagem e masterização. Ou seja, como sempre foi.

E dá para mexer em time que está ganhando? O resultado é uma peça cristalina, mas sem diminuir em nada o peso moldado pela rapaziada de Surrey, Inglaterra. Por outro lado, o viés criativo pendeu para músicas, digamos, mais diretas, com abordagens cuidadosamente dosadas de passagens intricadas; as mesmas que fazem do Threshold uma banda tão cativante.

As faixas “Haunted”, “Silenced”, “Complex” e “King Of Nothing ” foram as cartas de apresentação do álbum ao público; a primeira abre imponente, futurista; enquanto a segunda ecoa distantemente um Pink Floyd dos tempos de A Momentary Lapse of Reason, antes de seu típico groove progueiro. Já a terceira te dá uma sensação de que estamos no meio de Subsurface (2004), dado o seu refrão pegajoso. Aliás, um dos fortes desse play. Não menos importante, o último aperitivo é o que mais se aproxima de uma balada.

Uma das mostras mais impecáveis do cruzamento entre o pop e roupagens mais complexas pode ser conferida na “Let It Burn”. O clima de apreensão no seu início te prepara para a quebradeira proporcionada por Johanne James e o restante da cozinha, e se complementa pelas melodiosas linhas de teclado de Richard West; e claro, os vocais realmente inspirados de Glynn Morgan aqui.

E por falar em inspiração, “Lost Along The Way” soa como se feita sob medida para pegar aos laços fãs de Yes, Genesis, Rush e até mesmo Asia, com sua pegada meio retro futurista, meio space rock. Mas com muito peso, obviamente.

Em síntese, Dividing Lines serve para manter o legado de uma banda incrivelmente consistente desde sua fundação, com a maestria de saber, de maneira sutil, inserir novos elementos à sua fórmula; aqui mais dark e pós-apocalíptica. Ou, como a própria banda o descreveu, é “o irmão mais velho e sombrio de Legends [of the Shires]”. Inspirado, envolvente, discaço.

Ouça o álbum na íntegra a seguir:

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