Walk With Titans – Olympian Dystopia (2023)

Formação canadense estreia com um álbum vigoroso, dinâmico e contagiante

Por Luiz Athayde

Quando ouço de gente que não é afeiçoado a esse estilo dizendo que power metal ‘é tudo igual’ e vive em uma caixa, eu sequer esboço um argumento. Afinal, em vias gerais, o conceito costuma ser fechado no universo épico. Mas, principalmente, sob uma trilha moldada ao uso abusivo de pedais duplos, vocais nas alturas, solos estelares e muita, muita melodia.

Walk With Titans (Foto: Dani Rod)

Ruim? Muito pelo contrário. Especialmente para quem ama essa esfera e se depara com bandas honestas e talentosas ao registrar seu fonograma. Sim, é o caso da brigada canadense Walk With Titans. Nascida em Montreal na classe de 2019, o line-up consiste em: Jonathan Vézina (vocais), Louis Jacques (guitarra solo), Nick Maugy (guitarra base), Lydz Grodin (baixo) e Nikko Cyr (bateria).

Como todos sabemos (e sentimos), os anos seguintes foram o de pandemia, mas não de folga, inclusive por terem assinado com a Rockshots Records para o lançamento de seu álbum debut. E veio. Após compartilharem “Seven Against Thebes” e “Herakles”, dois singles poderosos por sinal, a banda editou Olympian Dystopia em CD e no formato digital.

Já pelos aperitivos pode-se notar as referências no decorrer de seus 50 minutos. Nomes como Angra, Rhapsody of Fire são bem presentes aqui, mas Stratovarius acaba sendo a mais visível em função dos vocais e, por vezes, pelo andamento das composições.

Diferente da maioria dos grupos de temática épica, o Walk With Titans usa a mitologia grega como fonte criativa. Ao mesmo tempo, essa mesma temática serve como paralelo às visões de vida da banda. Mais filosófico, impossível.

“Edge of Time” por exemplo, fala sobre o Cronos, deus do tempo, devorando todos nós. Musicalmente é um dos momentos mais empolgantes do disco, já que traz o power metal no seu melhor: rápido, virtuoso e com passagens pegajosas. “Final Dawn”, no entanto, lembra Running Wild, mas com o teor melódico de Timo Kotipelto e cia.


Outro ponto alto no álbum é a contagiante “Gift of Fire”. E não é ao acaso; esta traz a participação de especial do guitarrista Renato Osório, conhecido por seus trabalhos no fantástico Hibria. Nem é preciso dizer que ele brilhou no solo.

Também vale a menção de “Eurydice”, faixa que encerra o álbum. Cortesia das várias nuances flutuantes neste pequeno épico calcado em pura melodia. Me arrisco a dizer que essa será uma das obrigatórias nas futuras apresentações ao vivo. Destaque para os solos de guitarra, acenando distantemente para Kiko Loureiro.

A avalanche do power metal segue intensa como nunca, e entre os iguais, alguns reluzem pela capacidade de prover canções fortes, que te pegam logo no início, mas também tempos depois de lançadas. E o Walk With Titans possui boas chances com Olympian Dystopia. Belo disco.

Ouça na íntegra a seguir:

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