Dragonheart – The Dragonheart’s Tale (2023)

Banda curitibana cumpre com precisão a missão de voltar às suas raízes

Por Luiz Athayde

Se for para voltar, que seja em alto nível. Ao menos é o que se passa na cabeça ao ouvir The Dragonheart’s Tale, novo álbum da banda curitibana de power metal Dragonheart.

Bom, não que tenham acabado. Pelo contrário. Para começar, seu quinto disco de estúdio marca o retorno do vocalista e guitarrista Eduardo Marques. Ele foi responsável por registrar os clássicos Underdark (2000) e Throne of the Alliance (2002).

Dragonheart (Foto: Divulgação/Press)

Essa também foi a mola propulsora para o membro fundador e guitarrista/voz Marco Caporasso e o baterista Thiago Mussi (além do baixista convidado Felipe Mata) buscarem as raízes sônicas da banda. Leia-se: power metal épico e medieval.

Tematicamente, o grupo decidiu explorar o mundo criado na trilogia consistida no registro de 2002, e os álbuns Vengeance in Black (2005) e Battle of Sanctuary (2015), configurando 15 faixas em 3 atos.

Se fosse “só” isso, já seria interessante. Porém, os curitibanos contaram com o icônico desenhista alemão Andreas Marshall (Sodom, Kreator, Blind Guardian, Running Wild, In Flames) para assinar a capa, que já na primeira visualização te instiga a apertar o play.

Aliás, a presença marcante do peso e da consistência ao longo dos 52 minutos é graças aos trabalhos de mixagem e masterização, assinados por Fredrik Nordström (Dream Evil, Hammerfall, Opeth e outros mais).

O resultado é uma imersão causada por interlúdios, narrações breves, efeitos sonoros – recomenda-se ouvir o álbum com bons fones de ouvido; às vezes a sensação é que estamos dentro de uma taverna – e assertivas passagens acústicas. Cortesia do entusiasmo dos integrantes por RPG e trilhas sonoras épicas; Star Wars, Coração Valente, O Senhor dos Anéis…

No entanto, trata-se de um álbum de heavy metal na sua essência. Não se espante ao ouvir influências gritantes de pilares do metal alemão, como Grave Digger, Accept, Blind Guardian, Running Wild (inclusive na pirataria!) e correligionários.

Ainda que a obra seja conceitual, há momentos, digamos, mais excitantes. A exemplo de “Ghost of the Storm”, faixa que traz a participação de Henning Basse, voz das bandas Metalium e Withering Scorn.

Já “Westgate Battlefield” revela a veia Judas Priest do grupo. Embora seus moldes sejam à la Kai Hansen. Praticamente uma cartilha quando o papo é o verdadeiro metal.


Também não dá para ignorar um dos singles que aqueceram o lançamento do disco. “The Devil is by My Side” traz não apenas o melhor refrão do álbum, como um dos mais explosivos da discografia.

Menção nada honrosa para “The Ballad of John Cursed”, por ser uma faixa tão forte que poderia figurar uma das primeiras. Na verdade, a abordagem acústica evoca o peso das vozes e uma cozinha tão volumosa que simplesmente preenche todos os espaços.

A esfera conhecida como power metal vem vivendo um ótimo momento com bandas novas surgindo e gente da velha escola caindo na estrada com material novo.

O Dragonheart é da classe de 1997. Lá se vão 26 anos. Fácil? No Brasil? Nem de longe. Mas, independente do grau de dificuldade, esse é um estilo que demanda primor técnico, estético e musical. E The Dragonheart’s Tale transparece isso de forma tão explícita quanto honesta, fazendo deste um dos grandes ‘comebacks’ nacionais de 2023.

The Dragonheart’s Info:

+ As participações especiais no álbum ainda incluem Maiko Thomé (Sarx Thanatos) na flauta, percussão, backing vocais e nas narrações; e Vanessa Rafaelly (Ignis Perpetua), fazendo vocais em “Westgate Battlefield” e “Plague Maker”.

+ The Dragonheart’s Tale saiu carimbado mundialmente pela Rockshots Records, enquanto no Brasil a chancela é via Hellion. Para garantir sua cópia física, acesse aqui.

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